quinta-feira, 11 de setembro de 2008

As crónicas do Nuno

O Nuno é um jovem de 20 anos que conheci quando estava no Hosital Psiquiátrico, já o tinha vislumbrado durante um anterior internamento dele mas só o tinha conhecido na fase final do seu internamento quando ele já se encontrava estável, nunca o tinha conhecido na seu melhor, ou pior, dependendo do ponto de vista.
Quando ele foi internado encontrava-me à pouco mais de uma semana no hospital e tive a hipotese de conhecer melhor a sua história que, mesmo assim, ninguém conseguiu compreender bem o que se passou com ele, que se arastava nos corredores com um olho semi-fechado e uma voz rouca já tanto falar e nem os psicólogos nem os psiquiatras nem ninguém! Esta história veridica é ao mesmo tempo cómica e trágica; segundo ele, e tentanto seguir cronologicamente a sua narrativa dos acontecimentos, tudo começou quando estava de férias com os pais no parque de campismo de Quarteira, ele não contou o que fez mas acabou por ser expulso do parque de campismo pelos seguranças do mesmo para grande vexame dos seus pais, estava completamente descontrolado e acabou por ir directamente à polícia para conseguir entrar no parque de campismo que, como é de se imaginar, não lhe deram importância nenhuma e acabou a dormir com a namorada num terraço de uma pensão qualquer. Durante essa mesma noite foi procurar um vestido para a namorada mas antes encontrou uns feirantes vendendo artesanato como rãs, sapos, etc, a quem comprou um rato de brincar, um sapo e um assobio e iniciou conversa com esses indivíduos que acabou em drogas e armas e até foram tomar um copo juntos, durante a conversa descobriu que um deles tinha estado encarcerado, entretanto Nuno ia pedido cigarros aos desgraçados que passavam apesar de não fumar até que encontrou uns jovens a quem pediu mais cigarros, ele sentou-se num banco com a namorada a quem os jovens fizeram remoques e ele ameaçou-os com o seu arco e a sua flecha, que tinha comprado anteriormente a uns indios o Nuno afirma que queria cannabis para ter mais potência sexual. Com esse mesmo arco e flecha andou a massacrar caranguejos e, segundo ele, mergulhava nas àguas à procura de marisco, sempre armado do seu arco e flecha. Acabou no Hospital de Faro onde posteriormente foi enviado para Aveiro e depois para Lisboa, onde se encontra neste momento.
Por entre tentativas de fuga, destruição de material do hospital e devaneios semi-inventados por ele, Nuno tornou-se numa praga insopurtável para todos os outros doentes, intrometendo-se nas conversas, interrompendo as sessões terapêuticas e acabando por degradas a saúde mental dos doentes, enfermeiros e médicos que tiveram o azar de se cruzar com ele, o Nuno via televisão e dizia que as notícias eram por sua causa, que ele é que tinha causado a onda de violência que está a varrer o país.
Isto foi tudo narrado por ele e exemplificado através de gestos como atirar-se para o chão e simular lutas. Da minha parte assisti a tentativas de fuga da ala psiquiátrica, ao desmantelar de uma cadeira e de uma cama e teve de ser várias vezes amarrado a uma cadeira de rodas e à cama.
A propósito deste texto ele afirma: "O homem que domina tudo, vou para Hollywood fazer um filme!"

To be continued...

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